terça-feira, 2 de março de 2010

Docência: uma carreira desprestigiada

"Jovem não quer ser professor

Pesquisa realizada pela Fundação Victor Civita e pela Fundação Carlos Chagas aponta que apenas 2% dos jovens do 3º ano do Ensino Médio pretendem seguir a carreira do magistério. Acesse o especial sobre o tema, o relatório preliminar do estudo e leia reportagem publicada em NOVA ESCOLA."

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Levantamento realizado pela Fundação Victor Civita comprova uma percepção alarmante: a profissão docente não é considerada uma opção atraente pelos estudantes do Ensino Médio. Apenas 2% desejam cursar Pedagogia ou Licenciatura.

"Se você comentar com alguém que está pensando em ser professor, muitas vezes a pessoa pode dizer algo do tipo: 'Que pena' ou 'Meus pêsames!'. Afinal, sabe que você vai ser desvalorizado e obter uma remuneração ruim.” É com essa chocante clareza que Thaís*, aluna do 3º ano do Ensino Médio de uma escola particular em Manaus, sintetiza uma noção preocupante para a Educação brasileira: cada vez menos jovens desejam seguir a carreira docente.

Embora essa impressão tenha se espalhado até mesmo entre quem não é da área, faltava dimensionar com contornos mais nítidos a extensão do problema. A área de Estudos e Pesquisas da Fundação Victor Civita (FVC) encomendou à Fundação Carlos Chagas (FCC) um mergulho no tema e os dados comprovam: apenas 2% dos estudantes que estão concluindo o Ensino Médio têm como primeira opção no vestibular graduações diretamente relacionadas à atuação em sala de aula - Pedagogia ou alguma Licenciatura. Outros 9% mencionam a intenção de cursar disciplinas da Educação Básica, como Letras, História e Matemática, o que não garante que venham a se interessar por lecionar.

Perfil dos futuros professores e possibilidades de mudança

A pesquisa também permite construir um perfil dos futuros professores do país. Nesse sentido, é útil analisar a lista das carreiras mais procuradas de acordo com o tipo de instituição em que os jovens estudam. Nas escolas públicas, a Pedagogia aparece no 16º lugar das preferências. Nas particulares, apenas no 36º. A situação se repete também com as Licenciaturas – que, somadas, ocupam o 24º posto na rede pública e o 37º na particular (como mostra o gráfico abaixo). “Isso evidencia que, atualmente, a profissão tende a ser procurada sobretudo por jovens da rede pública de ensino, que em geral pertencem a nichos sociais menos favorecidos”, afirma Bernardete Gatti, pesquisadora da FCC e supervisora do estudo (leia mais na reportagem Nossos futuros professores).

Depois de obter um diagnóstico completo, o estudo deu ênfase à proposição de alternativas para reverter a situação. Para apontar soluções, a FVC e a FCC convidaram 17 especialistas de diversas áreas da Educação para um debate em novembro do ano passado. O consenso é o de que se deve atacar o problema por diversas frentes, do aumento salarial à melhoria das condições de trabalho, da proposição de planos de carreira à revisão das formações inicial e continuada, passando pela necessidade de valorizar o professor e tratá-lo como profissional (leia mais na reportagem
Caminhos para atrair os melhores).

Ao todo, são oito sugestões práticas, que podem ajudar a desatar o nó identificado por outra jovem do Ensino Médio, Cláudia*, aluna de escola pública em Feira de Santana, a 119 quilômetros de Salvador: “Hoje em dia, quase ninguém sonha em ser professor. Nossos pais não querem que sejamos professores, mas querem que existam bons professores. Assim, fica difícil”.


Fugindo da sala de aula


Pedagogia e Licenciaturas são a escolha de apenas 2% dos entrevistados.
Interesse é um pouco maior entre alunos da rede pública (à direita)


Reportagem completa: http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/carreira/docencia-carreira-desprestigiada-534985.shtml

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